terça-feira, 6 de outubro de 2009

GRAFFITI... aí sim hein!

(foto: KID JUNIOR)
O Graffiti é uma forma de expressão pertencente ao campo das artes visuais, aos poucos incorporado pela moda, pela publicidade e como ação transformadora, em projetos sociais.

(foto: FÁBIO LIMA)
Trabalho do Grupo Acidum, que ilustra os muros das Casas de Cultura Estrangeira da Universidade Federal do Ceará (UFC), na avenida 13 de Maio, do Boêmio bairro Benfica.


GRAFFITI


Tendo a cidade como a grande genitora e espaço de manifestação de sua poética, o graffiti chega às galerias de arte e aos museus, em um movimento ainda recente no Brasil. Essa mudança de espaços vem causando polêmica e dividindo opiniões entre artistas e especialistas. A partir dessa questão, o Caderno 3 lança a pergunta: há espaço para o graffiti nas galerias de arte e nos centros culturais de Fortaleza?


DISCUSSÃO

Contra-senso

O graffiti, antes marginal, ganha galerias sofisticadas. Grafiteiros famosos chegam a receber até R$ 20 mil por obra.

Como uma explosão de cores se alastrando pelas ruas cinzentas, devorando os muros enlodados e as paredes descascadas, o graffiti deixa suas marcas nos quatro cantos da cidade. Seja caminhando nas calçadas ou olhando da janela embaçada do coletivo diário, notamos sua presença por meio de figuras estranhas e frases de protesto, que parecem saltar aos nossos olhos, de tão vibrantes que são.Marginal ou ideológico, o graffiti atualmente é considerado uma forma de expressão pertencente ao campo das artes visuais, que foi sendo incorporada pela moda e pela publicidade, servindo também como instrumento de projetos sociais e oportunidade de emprego para muitos jovens.


Paradoxal

Essa arte, que nasce nas ruas e nela se fundamenta conceitualmente, vem conquistando as salas sofisticadas das galerias e os espaços expositivos de centros culturais. Em torno desse paradoxo, surge uma discussão que não é vã, pois pode influenciar direta ou indiretamente, por exemplo, a valoração das grafitagens e suas direções estéticas. Assim, endossando o debate, lançamos a pergunta: uma vez estando na galeria, o graffiti se institucionaliza? ´Corrompe´ seus ideais? Eis a questão...De acordo com Baixo Ribeiro, um dos idealizadores da Galeria Choque Cultural (SP) - espaço dedicado aos artistas vindos do graffiti, da tattoo, do design gráfico, da ilustração e de outras manifestações underground -, não é o graffiti que está migrando para as galerias, mas os artistas que fazem uso dele. “Antes de tudo, quero deixar bem claro que nem todo grafiteiro é artista, somente aqueles que tem consciência da importância de seu trabalho. Creio que os artistas que fazem grafitagem é que estão se deslocando para os espaços expositivos, e o que eles desenvolvem por lá é um novo trabalho com suportes e linguagens totalmente diferentes. O graffiti, mesmo, continua e sempre permanecerá nas ruas”, explica.Ribeiro também destacou o fato de esses artistas encontrarem, nos trabalhos expostos nas galerias, uma forma de custear sua arte no espaço público. O que é estranho a uma manifestação artística que, ao longo de sua história, sempre se posicionou contra o sistema.Controvérsias à parte, essa realidade vem trazendo louros a alguns grafiteiros. Em artigo publicado na revista eletrônica “ARede”, o fotógrafo Thiago Vaz ressaltou que, no site da Choque Cultural, obras de grafiteiros famosos, como Titi Freak, podem custar até R$ 20 mil. Já “Osgêmeos” alcançaram outros patamares de preço e notoriedade. Foram chamados para grafitar a fachada da galeria Tate Modern, em Londres. Em 2006, a dupla tinha telas para vender por até US$ 19 mil, valor equivalente a obras de “iniciantes em Nova York”.

ANA CECÍLIA SOARES
Repórter

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