terça-feira, 6 de outubro de 2009

VOCÊ conhece "o Mestre da Caricatura"?


Algumas de suas obras.


Mário Mendez

Na década de 50 e 60, Mendez era um artista consagrado. Conhecido por agregar aos seus traços um humor irreverente, despertando satisfação e incômodo em muito dos caricaturados.





Mário de Oliveira Mendes - mais tarde adotaria o “z” no final do sobrenome - nasceu em Baturité, em 1907. Aos 17 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro. Foi na então capital federal que publicou sua primeira caricatura, na Revista Musical, em primeiro de julho de 1927. A partir de então, começou a colaborar com vários jornais e revistas, como A Noite, Folha Carioca, Revista do Rádio, Radiolândia, Revista da Semana e O Cruzeiro, contribuindo com o sucesso destes meios.


Nas décadas de 50 e 60, Mendez era um artista consagrado. Conhecido por agregar aos seus traços um humor irreverente, despertando satisfação e incômodo em muitos dos caricaturados. Muitas personalidades temiam ser o próximo alvo de seu traço inconfundível. Houve quem tentasse impedir a publicação de suas caricaturas, como foi o caso do cantor Orlando Silva, ao saber que Mendez tinha - o retratado com cara de carneiro. O “Cantor das Multidões” procurou o artista cearense e tentou até suborno para que o desenho não fosse publicado. Mário Mendez manteve-se irredutível, deixando Orlando Silva zangado com ele pelo resto da vida.


A cantora Dalva de Oliveira também não nutria muita simpatia por Mendez. Informações dão conta de que, certa vez, ela chorou uma semana com desgosto, após ver sua caricatura na revista “Carioca”. Algum tempo depois, quando Mendez foi apresentado a Dalva, a cantora sequer estendeu a mão a ele. Em sua defesa, Mendez costumava argumentar: “Caricatura não humilha ninguém. Pelo contrário, consagra. Nós não costumamos fazer caricaturas de anônimos. Quando ‘focalizamos’ alguém é porque essa pessoa é importante”.




POXA VIDA HEIN...!


Outras personalidades, no entanto, gostavam de ser contempladas com o traço de Mendez. Entre elas, Getúlio Vargas, Ângela Maria e Portinari. O ex-presidente tinha o hábito de guardar as caricaturas que faziam dele. Mas a preferida da coleção era uma de Mendez, publicada na revista “Vamos Ler”, de 1946. A mesma caricatura foi utilizada na campanha eleitoral de 1950, que levou Vargas a assumir a Presidência da República pela segunda vez. A caricatura, de corpo inteiro, era acompanhada da frase: “Ele voltará”.Até Harry Truman rendeu-se ao talento de Mendez. Durante a Segunda Guerra Mundial, ao participar de uma conferência em Petrópolis, o então presidente americano não escapou do traço do artista cearense. Notado pela imprensa, fotógrafos e cinegrafistas norte-americanos registraram seu trabalho. Na mesma ocasião, a primeira-dama argentina Eva Peron também foi caricaturada. Quando soube o que Mendez fazia, ficou quieta, posando para o artista. Disse que queria ver o trabalho no final. Ao ver o resultado, além de cobrir Mendez de elogios, Evita deixou seu autógrafo na obra.





Revista Radiolândia


Mesmo com a idade avançada, Mendez continuou produzindo. Ficava no ateliê de 8 às 17 horas. Desenhava, pintava e, quando havia encomenda, também fazia caricaturas. Sua produção só foi interrompida pela morte, em 1996. Doze anos depois, a exposição no Espaço dos Correios é um convite para o público cearense conhecer melhor o traço do artista. Ver reproduções de obras raras, incluindo a primeira caricatura publicada; caricaturas de artistas de Rádio, publicadas na revista Radiolândia; registros da visita que fez a Fortaleza em 1992, quando Mendez recebeu a única homenagem em vida no Estado; bem como alguns trabalhos com pintura.


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ESSA É PRA MIM!


O Espaço Cultural Correios recebe, a partir de hoje, a exposição “Mário Mendez – o Mestre da Caricatura”, que se estende até 22 de novembro. A mostra abriga alguns trabalhos marcantes na carreira do artista cearense, a maioria publicado em revistas e jornais


A amostra comemora o centenário de nascimento de um dos maiores caricaturistas do Brasil. Embora ainda ignorado em seu Ceará natal, Mário Mendez ganhou reconhecimento no País com um traço inconfundível e pela herança que deixou para muitas gerações de caricaturistas. A exposição dos Correios resgata uma dívida ao dimensionar o talento de Mendez. Reúne caricaturas de personalidades, políticos, músicos e pintores. Todas assinadas por Mendez, ao longo de uma carreira que durou quase 70 anos. Como aperitivo, a mostra ainda abriga ilustrações, pinturas e fotos do artista cearense.




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